Mercado em transformação

Prestigiado profissional do design e do marketing, Salvio Cuccolo comanda, há 26 anos, a Senha Assessoria de Comunicação, uma das mais conceituadas empresas do setor na região. Ele fala dos desafios para se manter atuante num mercado em plena transformação.

O mercado da propaganda e da comunicação está mudando de forma rápida e profunda. Você está há 26 anos nesta área como empresário. Qual o segredo dessa longevidade?

Para existir e sobreviver com consistência nesse mercado é preciso contar com dois tipos de competência. Uma delas é a competência dos realizadores, focada na objetividade, técnica, operacionalização de processos, utilizada na capacidade de fazer, realizar, produzir, na busca por eficiência e tecnologia. A outra é a competência dos relacionadores. Subjetiva, relacional ou politica, responsável por estabelecer conexões humanas a aprofundar contatos. A primeira exige know-how, a segunda estimula o know-who. Não há nenhum julgamento qualitativo de qual dessas competências é melhor. As duas são importantes. Mas, se uma organização estimula mais a competência subjetiva e gera toda uma cadeia de valorização e ascensão profissional baseada na capacidade política e relacional – onde é mais importante reportar que resolver — cria um clima inóspito para os que fazem, criam e realizam e os incentiva a deixá-la. Na realidade, nestes últimos 26 anos, levei a vida em função de um provérbio japonês de que gosto muito: “Treine enquanto a maioria dorme, estude enquanto se divertem, invista em si e foque-se enquanto os outros descansam, e então, viva o que eles sonham”. Ainda assim a sorte tem que estar de seu lado.

Na sua avaliação, o que mudou nas agências de propaganda na última década? O modelo de negócio está diferente?

Vou apontar a visão relativa à minha empresa e às mudanças que vejo no mundo corporativo e nos hábitos do consumidor de um modo geral. Nos últimos anos os clientes e consumidores estão muito mais informados, mais exigentes, mais apressados e muito mais  inseguros, pois não há relação na tomada de decisões com base no que se fazia antigamente. Assim aprimoramos o nosso DNA, que sempre foi de consultoria,  no sentido de oferecer gestão de comunicação, ou seja, implantar cultura de comunicação dentro da organização. Nosso maior desafio, hoje, é traçar estratégias para criar de dentro para fora a percepção de valor das empresas. Muitos nem sabem o que é, mas está lá. Tem que ser trabalhada, com alta capacidade de adaptação a mudanças. O modelo de negócio hoje está em sermos agentes de mudança, valendo-nos de toda a tecnologia disponível e know-how adquirido para oferecer ferramentas e diagnósticos de inovação por meio de soluções que façam nossos clientes, produtos e serviços se destacar e se manter sempre em um nível relevante de importância .

– Quais são os desafios de trabalhar com propaganda e marketing em Piracicaba?

Piracicaba mudou muito. Temos um mercado profissionalizado com muita iniciativa e players de todos os segmentos em busca de crescimento e liderança em seus mercados de atuação. Estamos na denominada  região metropolitana de Piracicaba, que adquiriu este status pelo porte na última década. É uma cidade de empreendedores, trabalhadores incansáveis, que já entenderam a força do marketing e da importância de um processo orgânico de comunicação bem implantado.  O desafio não é local, mas global. Temos que ficar de olho no mundo, na tecnologia, no futuro, e aplicar os conhecimentos adquiridos.

Qual é o perfil ideal do profissional de propaganda contemporâneo, na sua opinião?

O profissional ideal tem que ter a possibilidade de refrescar ideias e conceitos, obtendo novos olhares sobre o mesmo desafio ou problema. É uma área de atenção continuada, muita dedicação, engajamento e perseverança. O maior desafio é a velocidade da mudança. Na passagem da era agrícola para a industrial, foi quase um século de transição. Agora é de apenas uma ou duas décadas. E numa mudança exponencial precisamos atuar de maneira ágil. Estamos diante de sw transformações e os profissionais têm que encontrar seu espaço dentro deste novo cenário.

Bruno Chamochumbi

Publicado na Revista Tutti, Edição n° 26, Agosto de 2016

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